Monday, July 30, 2007

PARA P., SEM RIMAS

de todas
você foi a mais aguda
cruzado de direita
no pomo de adão
primeira palavra de um filho
que você nunca me deu
pra não estragar a panturrilha

de todas
você foi a mais dissimulada
a mais hipócrita
a mais crônica
de motel
a mais puta
de sinal
roçando a canela do meu irmão
sob a mesa
em almoços dominicais
chupando mutilados de guerra na cabine
do banheiro do Rancho da Pamonha
em dia de Ação de Graças

a que mais me deixou duro
no duro
em todos os aspectos
mulher biônica
com um apontador de lápis
no lugar da buceta
limpando a unha do indicador
com palitos Gina
após uma dedada no meu traseiro

você foi a mais fodona delas
peitando os moleques do calçadão
empunhando um cano de ferro
bebendo cachaça de despacho
a caminho de casa
um sax na noite

de todas
você foi a mais linda
se esquecendo de pintar
as raízes dos cabelos que iam nascendo
e todas aquelas suas saídas triunfais
das butiques
por conta de pequenos delitos

de todas
você foi a que atingiu as maiores cifras
no meu mercado mais negro

Sérgio (esqueci o sobrenome do rapaz)